terça-feira, 25 de maio de 2010

O Pai de Hitler


O emprego como inspetor chefe num escritório alfandegário exigia muito de Alois. Viagens eram constantes e mudar de endereço logo se tornou um hábito para sua família. Assim, durante a década de 1890, a família Hitler saiu de Braunau e passou por Halfeld, Fischlham, Lambach e Leonding, todos eles vilarejos localizados em Linz, importante região industrial na alta Áustria.

Adolf relembrou a carreira de Alois várias vezes, inclusive em sua biografia, mas sempre deixou claro que nunca pensou em seguir o mesmo caminho do pai. O que parece uma espécie de contradição, pois, ao mesmo tempo em que relembra o progenitor, deixava claro que não gostava dele. Os biógrafos arriscam o palpite de que a disciplina rígida e severa foi o motivo pelo qual o ditador nunca gostou de seu pai. Apesar de respeitá-lo profundamente, mantém o hábito de discutir por vários motivos, incluindo posição política. O principal ponto de discórdia entre os dois era a intenção de que Adolf manifestava de se tornar pintor, decisão que Alois deixava claro ser completamente contra e que preferia que seu filho seguisse carreira pública como ele. Um esforço até certo ponto que só servia para desgastar as relações familiares, já que as decisões de Alois eram incontestáveis.

Há historiadores que arriscam dizer que a relação de Adolf com o pai, tido como um tirano e que impunha a lei e a ordem sob a forma de castigos físicos, teria ajudado a construir o exterior duro que o futuro ditador exibiu durante toda a sua vida. De fato, há relatos históricos de que Adolf teria levado muitas surras e de modo freqüente. A História do jovem Hitler é citada em vários estudos de psicologia como um exemplo de até onde podem os pais ir ao empregarem a chamada ‘educação destrutiva’ em seus filhos.

O próprio Hitler lembrou que sua maior discussão com o pai foi quando anunciou que queria ser pintor. Isso aconteceu quando ele tinha apenas 11 anos e causou o verdadeiro rebuliço na mente do conservador Alois, que se opôs imediatamente a idéia. Curiosamente, Adolf nunca citou as agressões físicas, mas deixou claro que o relacionamento pai e filho havia se deteriorado muito a partir desse dia. O futuro ditador, contrariado pelas imposições do pai, sentiria o efeito psicológico disso muito rapidamente, quando se desinteressou definitivamente pelo estudo de qualquer coisa que não tivesse ligada diretamente às artes. Conforme ele mesmo relata no primeiro capítulo da biografia Minha Luta, intitulado “Na Casa Paterna”:

Considerando o meu caráter e, sobretudo, o meu temperamento, pensou meu pai poder chegar à conclusão de que o curso de humanidades oferecia uma contradição com minhas tendências intelectuais. Pareceu-lhe que uma escola profissional corresponderia melhor ao caso. Nessa opinião, ele se fortaleceu ainda mais ante minha manifesta aptidão para o desenho, matéria cujo estudo, nos eu modo de ver, era muito negligenciado nos ginásios austríacos. Talvez estivesse também exercendo influência decisiva nisso a sua difícil luta pela vida, na qual, a seus olhos, o estudo de humanidades de pouca utilidade séria. Por princípio, era de opinião que, como ele, seu filho naturalmente seria e deveria ser funcionário público (...)

Seria impossível que isso se coadunasse com a sua usual concepção do cumprimento do dever, pois representava uma diminuição reprovável de sua autoridade paterna. Além disso, a ele cabia a responsabilidade do futuro do seu filho.

E, não obstante, coisa diferente deveria acontecer. Pela primeira vez na vida fui, mal chegava aos 11 anos, forçado a fazer oposição (...)

Eu não queria ser funcionário.

Nem conselhos, nem “sérias” admoestações conseguiram demover-me dessa oposição.

Nunca, jamais, em tempo algum, eu seria funcionário público.

Tornou-se mal-humorado e foi reprovado duas vezes no exame de admissão à escola secundária de Linz, um local que mais tarde provou ser decisivo para a formação das opiniões anti-semitas dele, que lhe foram apresentadas por meio de um professor do local, chamado Leopold Poetsch, um dos homens mais admirados pelo jovem Hitler.

Alois Hitler morreu em janeiro de 1903, numa taberna, vítimade alcoolismo.

Dois anos depois, quando tinha 15 anos, Adolf abandona a escola. Além de seu desinteresse, o rapaz pegou uma infecção pulmonar que o derrubou na cama. Como tratamento, o médico receitou que se afastasse dos estudos por pelo menos um ano, indicação que ele seguiu sem hesitar. Felizmente, eles podiam se dar a esse luxo, já que o pai havia deixado uma pensão e economias suficientes para manter a família por algum tempo.

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